De tempos em tempos, a poderosa imaginação do criador Jorge Amado nos encanta com personagens que ficam para sempre na memória e na literatura na-cional: Antonio Balduíno, Vadinho, Pedro Arcanjo, Quincas Berro Dágua. Mas é sua galeria feminina que a tudo transcende, formando uma literatura de vida, de força, de sensualidade, de sangue.
Assim, a Gabriela, Dona Flor e Tereza Batista vêm se juntar agora mais duas: Adalgisa, rosto ibérico, quadris afros, Espanha e Africa reunidas na geografia brasileira, e Manela, a graça adolescente, flor da raça brasileira, ambas frutos dos amores do espanhol Francisco Romero Perez y Perez com Andreza da Anunciação, a formosa Andreza de Yansã. E a elas vem se juntar também uma inusitada terceira: Santa Bárbara, a do Trovão. Mártir do cristianismo sincretizada com Yansã no culto afro-brasileiro, ela já merecera de Jorge Amado citação em Cacau, Jubiabá, Seara Vermelha e Pastores da Noite. Agora tornou-se personagem central, em carne e osso, vivendo entre os mortais em Salvador, num dos momentos mais duros da história da ditadura militar no Brasil, e enfrentando misturas de sangue, de raças, lutando contra preconceitos e fa-natismos de qualquer espécie para ensinar a tolerância e a alegria, "o bom da vida".